Os homens que se preocupam com a impotência sexual podem ter conquistado uma forte aliada: a vitamina B3. Um estudo realizado na Universidade de Hong Kong mostrou que a ingestão diária da substância, também chamada de niacina, faz com que homens com disfunção erétil e elevados níveis de colesterol consigam manter a ereção.
A substância atua na melhora da circulação, facilitando o aporte de sangue para o pênis, necessário à rigidez.
— Quem toma niacina não apenas equilibra os níveis de colesterol no sangue, mas também fica mais disposto, o que é essencial para o sexo — diz a nutróloga Jane Corona. — A vitamina B3 faz o sangue circular mais limpo no corpo, pois aumenta o colesterol bom e diminui o ruim.
Para o urologista Aday Coutinho, embora se precise de mais estudos para comprovar a eficácia da niacina no tratamento da impotência sexual, a ingestão diária da substância pode ser considerada uma medida de prevenção da disfunção erétil.
— A saúde sexual depende de uma boa saúde cardiovascular. Isso já é uma verdade estabelecida. A pessoa que se alimenta bem e faz exercícios tem colesterol bom alto. Logo, tem menos chances de sofrer infarto e disfunção erétil — explica Coutinho.
Outra maneira de prevenir o problema é regular a alimentação (veja o quadro).
Segundo a pesquisa, o tratamento com vitamina B3 é mais vantajoso do que com medicamentos por ser natural e ter ação permanente, enquanto os remédios só fazem efeito por um tempo.
A iniciativa de incluir a velhice na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), mantida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), vem provocando forte reação de setores ligados ao envelhecimento, preocupados com o risco de se mascarar problemas de saúde reais para a terceira idade, aumentar o preconceito contra idosos e interferir no tratamento e pesquisa de enfermidades e na coleta de dados epidemiológicos.
A CID existe desde 1900 e vigora em sua décima edição, mas a CID 11 já foi elaborada e está em fase de ajustes. É nela que entrará o código MG2A, que se refere à velhice. A nova versão passa a valer em janeiro de 2022, com prazo de três anos para ser implementada.
O epidemiologista Alexandre Kalache, do Centro Internacional de Longevidade, e também presidente da Aliança Global de Centros Internacionais da Longevidade, tem usado sua rede de contatos para barrar a iniciativa. A Federação Internacional do Envelhecimento (IFA), a Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria e a HelpAge International também questionam a OMS sobre o assunto.
O presidente da Academia Nacional de Medicina, Rubens Belfort, aponta possíveis complicadores na vida de pessoas com mais de 60 anos, como o cálculo do valor de um seguro de vida:
— O novo código é simplista e só atrapalha. Se vai fazer seguro de vida e tem 66 anos, perguntarão se tem doença, e sim, terá: velhice. E o paciente que morre poderá receber o diagnóstico de... “velhice”.
O líder da equipe de classificação de terminologias e padrões da OMS, Robert Jakob, diz que a inclusão de velhice não significa torná-la uma doença e sim uma condição. Ele classifica a discussão como um “mal-entendido”:
— O rótulo “velhice” substitui “senilidade”, usado na CID-10. A decisão resultou de discussões que apontavam para a conotação cada vez mais negativa de “senilidade” nos últimos 30 anos.
No Brasil, cerca de 3/4 das mortes ocorrem a partir dos 60 anos, por doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas, entre outras. E se tudo for resumido à velhice, argumentam os especialistas, há riscos de se faltar informação e investimento específicos para o tratamento destas doenças.
Envelhecer é uma conquista
Se velhice for considerada doença, outra questão se impõe: quem é velho? A CID não especifica idade, e o conceito de idoso varia. No Brasil, oficialmente e para fins estatísticos, idoso é quem tem mais de 60 anos. Na Itália, por exemplo, é 75.
O epidemiologista Alexandre Kalache destaca que não há um único biomarcador capaz de definir a categoria etária de uma pessoa. Dados sobre tireoide, colesterol e glicemia podem estar associados ao envelhecimento, mas não determinam quem é idoso.
A médica Martha Oliveira, ex-diretora da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e CEO da Laços Saúde, focada em envelhecimento,
diz que classificar velhice como doença reforça o ageísmo, a discriminação de pessoas pela idade:
— Envelhecimento é uma conquista. Envelhecer é um processo natural da vida e (a mobilização dos médicos foi potencializada) em um ano marcado pelo preconceito contra o idoso por conta da Covid-19. Essa proposta é o resgate do preconceito — diz Martha.
O médico Gustavo Gusso, que tem doutorado sobre a CID, explica que as mudanças na classificação são feitas, em geral, a partir de pedidos de especialistas ou após pesquisas bancadas por setores específicos.
Médico gerontólogo, presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil (ILC-BR)
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A Folha atravessou seus 100 anos testemunhando a Revolução da Longevidade. Em 1920, a esperança de vida ao nascer (EVN) no Brasil não passava de 40 anos. Chegamos hoje a 77. Quase o dobro. São 37 anos a mais de vida, não de velhice.
Em tão pouco tempo, um estalar de dedos em relação à história da humanidade. Revolucionário. Afinal, Houaiss define revolução como “uma grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza provocando mudanças profundas na sociedade”.
Para contextualizar, dos tempos do Império Romano até 100 anos atrás a EVN tinha aumentado meros dez anos. E o filósofo romano Cícero (106 a.C.-43 a.C.) já nos avisava então: “Não há nada de errado quanto ao envelhecimento ou as pessoas idosas, e sim nossa atitude em relação a eles”. E acrescentou: “Os jovens têm diante de si o desafio de talvez envelhecerem. Os idosos já o ultrapassaram”.
Nisso, estamos, nós os idosos, em vantagem absoluta. Mas é preciso ver-se como “idoso”. Passaram-se mais de 2.000 anos desde Cícero para que outro livro seminal abordasse o envelhecimento de forma abrangente. E haveria de vir de uma feminista, observando seu companheiro Sartre, envelhecido.
Simone de Beauvoir, em “A Velhice”, nos ensina a importância da ressignificação das etapas de vida. O velho tem dentro de si o jovem de ontem. E o jovem, o velho de amanhã.
Abaixo o preconceito contra os idosos, o idadismo. E, da mesma forma que não basta não ser racista, é preciso ser antirracista, é preciso também ser anti-idadista. Sermos ativistas, denunciarmos toda manifestação que nos infantilize, que nos tire a autoestima, que nos bote para baixo.
Para isso é necessário busca de conhecimento, discernimento, revisão de nossos valores. Nada fácil em um país onde se cultua a juventude, o hedonismo, o prazer imediato. Em que o elogio maior a uma pessoa é perguntar-lhe a idade e logo declarar “não parece”.
Chegar bem à longevidade depende de escolhas, conhecimento e preparação. Comece já. Quanto mais cedo melhor, nunca é tarde demais. Quem começa o processo cedo terá maiores ganhos, mas sempre haverá algum ganho.
Década após década, há muito que pode ser feito rumo à maratona em que a vida humana se transformou. Antigamente se acreditava que a longevidade em boas condições dependia de “escolher bem seus pais”. Hoje sabemos que a genética só contribui com um quarto da chance de bem envelhecer.
Nossas escolhas e estilos de vida pesam muito mais. No entanto, em um país tão desigual, não culpemos aqueles que não puderam se cuidar, escolher onde morar, usufruir de um trabalho digno. São vítimas, não culpados.
Você já nasce nove meses velho. Portanto, tudo começa com um pré-natal bem feito. Até os cinco anos, é tempo de brincar, de ter estímulos cognitivos, muitos! Na escola começa o aprendizado que deve seguir ao longo da vida. Nada de “não gosto de verdura”. E sem perder nenhuma vacina.
Década delicada. Os hábitos e estilos de vida se consolidam. Cuidado com as drogas, inclusive álcool e tabaco. Sua estrutura física se forma agora. Atividade física e olho na balança. As amizades para o resto da vida se criam agora.
Sabemos que está difícil, mas tente entrar com o pé direito no trabalho. O mundo anda violento. Cuidado, inclusive com acidentes. E, se vai se casar... escolha bem!
Complicado, não? Os conflitos, filhos e carreira. Múltiplas demandas —as mulheres nesta década sabem bem. Não pare de aprender (nunca). Trabalho anda precarizado, então amplie as opções.
Opa, está caindo a ficha... ”Já não sou tão jovem”. As mulheres percebem logo, a menopausa vem aí. Enquanto isso, os homens se iludem: não são máquinas indestrutíveis.
O ninho ficou vazio, a aposentadoria está chegando e eu joguei todas as fichas nisso. Está na hora de buscar novos interesses. Continue curioso e siga aprendendo. Aprender a aprender, sempre.
O melhor lugar para um aposentado é sair do aposento. Não há nada mais moderno do que envelhecer. Para muitos, vai ficar difícil virar pai (ou mãe) dos próprios pais. Calibre o pneu: faça exames médicos regularmente.
Agora você tem o que sempre se queixou faltar: tempo. Se tiver recursos e vitalidade, realize seus sonhos. Caso contrário, reveja seu estilo de vida. Está na hora de adaptar sua casa... nunca se sabe. E, lembre-se, vacinas não são só para as crianças.
Mantra: envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta. Lute contra a solidão: amplie suas atividades sociais e de aprendizagem. E outro mantra: prepare-se para a longevidade, quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde.
Você chegou lá, apesar das perdas pelo caminho. Mostrou resiliência. Muitos amigos se foram, sua energia já não é a mesma, as opções diminuem. Mas, lute por seus direitos, sobretudo não permita que te infantilizem. Segure firme na autoestima.