Coronavírus: Saiba quais são os cuidados necessários para fortalecer a imunidade
Cuidados com a imunidade Foto: Editoria de ArteCuidados precisam ser tomados ao longo da vida toda
Carolina Mazzi
07/04/2020 - 05:30 / Atualizado em 07/04/2020 - 07:37
RIO - Ainda não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento ou vacina que possa prevenir a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. As principais formas de prevenção continuam sendo o isolamento social para quem pode ficar em casa e a higienização das mãos, com água e sabão ou álcool em gel.
A forma mais grave da doença atinge principalmente idosos, cardíacos e pessoas com algum tipo de imunossupressão. Com o avanço da pandemia, muitas pessoas passaram a se preocupar com a sua imunidade e, principalmente, buscar formas de fortalecer as defesas do corpo.
Segundo a nutricionista Patrícia Brito, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de fato, é esse “complexo sistema” que nos protege dos principais males do dia a dia e que garante a recuperação de doenças. Mas ela lembra que fortalecer a imunidade é exercício diário e os resultados vêm a longo prazo:
— Simplificando, a imunidade é a capacidade que temos de nos defender de organismos estranhos, como vírus, bactérias, parasitas, através de uma complexa rede de células e proteínas sinalizadoras.
Segundo Patrícia, o órgão com o maior número de células de defesa é o intestino, o que mostra a importância da alimentação na hora de fortalecer as defesas. Mas é preciso que a alimentação saudável seja durante toda a vida, para que tenham resultado a longo prazo.
— Não adianta começar a comer saudável agora achando que estará mais protegido daqui a duas semanas. O fortalecimento da imunidade não vai proteger contra o coronavírus nesse momento, mas buscar melhorar as defesas do corpo é sempre importante. Comece pela boca, eliminando os alimentos ultraprocessados da dieta, como refrigerantes e biscoitos, e adicionando muitas fibras ao cardápio. Elas que vão alimentar a flora intestinal, melhorando a digestão e as defesas. Também é fundamental hidratar-se bem, bebendo água sempre que possível.
Separamos outras dicas importantes com especialistas, como diminuir o estresse e dormir bem.
— O sono é fundamental para o funcionamento do sistema imune. Nosso corpo produz e libera uma série de hormônios durante períodos diferentes do dia e da noite. Por isso, descansar é necessário para equilibrar esses hormônios.
Fortalecer a imunidade ajuda a se proteger?
Ainda não há medicamento, vitamina, alimento ou vacina que possa prevenir a infecção. De fato, pessoas que têm o sistema imune afetado (doenças crônicas, tratamentos ou envelhecimento), têm mais chances de desenvolver a forma grave da doença. No entanto, jovens sem problemas também podem ser afetados. Para especialistas, é sempre tempo de fortalecer o sistema imune, porém os resultados vêm a longo prazo.
Por onde começar? Suplementação melhora?
A melhor forma de começar é na hidratação. O intestino é o órgão com o maior número de células de defesa. A flora intestinal é alimentada por fibras, que ajudam no equilíbrio do sistema digestivo. Portanto, ingerir hortaliças, frutas (como abacate), grãos (feijão) e oleaginosas (castanhas), são fundamentais. A suplementação deve ser indicada somente em casos específicos, com orientação de médico ou nutricionista. A vitamina C, por exemplo, pode ser encontrada em diversas frutas, como laranja e acerola. É importante ingerir a fruta in natura e, não, o suco.
Pessoas que fazem tratamento contínuo, como aquelas com HIV, precisam ter outros cuidados?
Depende do tratamento. Pessoas que vivem com HIV e fazem o uso correto dos medicamentos costumam ter uma carga viral muito baixa e seu sistema imune é praticamente igual ao de uma pessoa sem a doença. Pessoas que têm doenças como artrite e precisam de medicamentos imunossupressores, como cortisona, devem aumentar a ingestão de fibras, gordura insaturada e Ômega 3, presentes em alimentos como azeite e abacate, que são anti-inflamatórios.
Quais os cuidados especiais para idosos?
O principal cuidado é a hidratação, pois eles desidratam muito rápido e costumam esquecer de beber água. Com a idade, é comum que a digestão fique mais lenta e há uma natural desgaste mesmo, inclusive na mastigação, o que cria certa aversão para comidas “mais trabalhosas”, como frutas. No caso dos idosos, pode haver necessidade de suplementação, que deve ser prescrita. Outro cuidado é que eles se exponham ao sol por cerca de 15 minutos diariamente para sintetizar a vitamina D.
E os pacientes em tratamento contra o câncer?
O cuidado deve ser maior e individualizado para pacientes com câncer, especialmente, os que passaram por transplante de medula óssea. Nesses casos, o tratamento para fortalecer a imunidade varia e precisa de orientação do médico e nutricionista. A recomendação para dieta saudável permanece para todos.
Ansiedade compromete as defesas do corpo?
Ansiedade e estresse aumentam o nível de adrenalina. O hormônio consome energia para se preparar para uma situação de "perigo". Quando isso acontece de forma esporádica, é um processo natural, e ele vai se recompor. A longo prazo, no entanto, as defesas podem ficar prejudicadas. Acompanhamento psicológico, manter-se ativo fisicamente e alimentação ajudam. Chás de camomila e maçã também acalmam e ajudam no sistema intestinal.
Diabéticos estão no grupo de risco por conta da imunidade mais frágil?
Aqueles que controlam bem o seu índice glicêmico e têm uma dieta balanceada, com pouquíssima ingestão de açúcar, estão mais protegidos. A Tipo 2, mais comum, está muito ligada à obesidade, que afeta a microbiota do intestino, o que prejudica e sobrecarrega o sistema imune. Evitar alimentos ultraprocessados e a ingestão do açúcar podem melhorar o quadro da doença e, consequentemente, sua imunidade.
Como hipertensos e cardíacos podem melhorar o seu sistema imune?
Devem diminuir a ingestão de sódio, principalmente nos alimentos ultraprocessados, e não apenas no sal da cozinha em casa. A recomendação de fazer exercícios físicos é para todos, inclusive idosos (neste caso, com acompanhamento médico). A ingestão de gordura insaturada, aquela boa, presente no azeite e no abacate, deve ser redobrada, assim como a de fibras, para não sobrecarregar o intestino na hora da digestão. Diminuir a ingestão de gordura saturada é recomendado também.
O Globo Sociedade